12/09/2022 TORNOZELO e PÉ: ATUAÇÃO FISIOTERAPEUTICA

O  complexo  tornozelo-pé  é  constituído  por  34  articulações, mais de cem ligamentos, trinta músculos e 28 ossos, sendo  26  ossos  no  pé,  além  da  tíbia  e  fíbula .  Trata-se de  estruturas  inter-relacionadas  que  possuem  sincronismo  anatômico e funcional permitindo o apoio, a sustentação e a deambulação, com um mínimo gasto energético muscular.

 

Atualmente observa-se uma crescente redução da mobilidade fisiológica dos pés, causada possivelmente pelo uso de calçados e pelo sedentarismo. Entre os jovens é possível observar aqueles que já apresentam considerável redução da amplitude de movimento dos dedos dos pés, e até mesmo deformidades, que outrora ocorriam, em sua maioria, em idades mais avançadas. Estas alterações certamente vão acarretar alguma alteração na função dos pés. 

 

Ao observar a cinética da marcha, o pé é a primeira estrutura do corpo a entrar em contato com o solo, e portanto, o primeiro a receber a força vertical gerada no contato, e assim transmiti-la para os demais segmentos. A interação da mobilidade dos pés e as forças envolvidas é um tema de grande abrangência não somente na presença da doença, mas na sua prevenção, onde o fisioterapeuta poderá atuar muitas vezes com a sua melhor ferramenta de trabalho, a cinesioterapia.

 

De acordo com a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (2009), cerca de 20 % das entorses de tornozelo evoluem com algum grau de instabilidade articular após seis meses da lesão inicial, seja por déficit proprioceptivo ou por frouxidão ligamentar. Isso compromete a capacidade do individuo de executar suas atividades normais, devido a tendência do tornozelo de se deslocar, o que o torna mais fraco, mais doloroso e menos funcional do que antes da lesão. 

 

Apesar da frequência de ocorrência da entorse de tornozelo e do potencial de restrição da atividade, ainda não há consenso sobre a melhor abordagem clínica a ser utilizada. A dificuldade em definir a melhor intervenção no tratamento da entorse do tornozelo decorre, dentre outros fatores, da falta de instrumentos e medidas adequadas para avaliar o efeito terapêutico das intervenções nesse tipo de lesão.

 

Outra característica comumente encontrada em indivíduos com instabilidade de tornozelo é os pés anormalmente supinados, presente em 39% dos tornozelos com história de entorse. Nesses indivíduos, o contato do calcanhar com o solo acontece em uma posição mais supinada e a velocidade angular da articulação subtalar é maior, o que exige mais do complexo ligamentar lateral, freqüentemente lesionado por ser mais frágil que o medial e menos apto a absorver forças ou estresses, como um discreto desnível no terreno ou a perda súbita do equilíbrio (SILVA e GONÇALVES, 2007; KONIN, 2006).

 

Independentemente da causa, o foco da reabilitação na instabilidade crônica do tornozelo é a prevenção da recorrência. Na instabilidade funcional, o tratamento inclui medidas fisioterapêuticas, através da correção dos déficits de força, flexibilidade e propriocepção. Os indivíduos com instabilidade mecânica também devem inicialmente submeter-se a reabilitação pelo possível déficit proprioceptivo. No caso da persistência dos sintomas, o reparo cirúrgico é então indicado (SBTO, 2009; SAWKINS, 2005). 

 

Admite-se que tanto a bandagem como as órteses de tornozelo reduzem em cerca de 60% a 85% a gravidade e a incidência das entorses, por aumentar a sustentação do pé e melhorar a propriocepção do tornozelo Em indivíduos que já haviam sofrido tal acometimento, estas intervenções preventivas chegam a garantir um índice de lesão até cinco vezes menor.


 

A intervenção fisioterapêutica consiste em alongamentos musculares, estimulação sensorial proprioceptiva e vestibular - uma crescente nos atendimentos fisioterapêuticos- , suprimir a visão em determinados momentos com o objetivo de suscitar as respostas adequadas à melhora da estabilidade postural.

 

Prevenir lesões é, portanto, uma questão fundamental e no caso das entorses de tornozelo, em especial após uma lesão prévia quando permanece uma instabilidade residual, as medidas de prevenção frequentemente propostas incluem o uso de órtese ou de bandagem funcional durante a prática do esporte. 


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