A diferença de comprimento entre os membros inferiores (DCMI) é relativamente comum na população geral. Contudo, na literatura há poucos trabalhos que se destinam ao assunto, e muitos pacientes com DCMI são assintomáticos, assim, a exata prevalência dessa condição é subestimada. Pequenas dismetrias induzem mudanças compensatórias que têm impacto na biomecânica da coluna vertebral, pelve e articulações dos membros inferiores.
Pode ser classificada etiologicamente como estrutural, como consequência de um encurtamento ou alongamento de estruturas ósseas e funcional resultante de tecidos moles ou anormalidades articulares, como rigidez muscular ou contraturas articulares, na extremidade inferior.
Outro fator que devemos considerar é a perna curta que pode ser classificada como sendo verdadeira ou falsa. A perna curta verdadeira ocorre quando os ossos do membro inferior estão realmente mais curtos. Em relação à perna curta falsa o comprimento dos ossos da perna são iguais, mas existe um desnível nos ossos da pelve ou alteração no tipo de pé (um mais valgo/varo que o outro).
Os mecanismos de compensação mais usuais da perna mais longa são a pronação do pé e/ou a flexão do joelho e quadril. Além disso, a perna mais curta geralmente compensa com uma supinação e/ou plantar flexão do pé e extensão do joelho e quadril. Porém, se não houver compensação pela perna, pode ocorrer obliquidade pélvica, que pode evoluir para escolioses funcionais com convexidade direcionada para a perna mais curta.
A dismetria tem efeitos na marcha, corrida, postura e deambulação e pode causar fraturas de stress no fémur e na tíbia e o membro mais longo responsável por lombalgias (dores na coluna vertebral); causador de escolioses (desvios na coluna vertebral). Existe também uma forte correlação entre o membro mais longo e fasceíte plantar unilateral (dor na planta do pé).
As diferenças dos membros inferiores possuem diversas relações com alterações musculares e esqueléticas ainda controversas na literatura. Tal alteração leva inúmeros pacientes a procurar os serviços de ortopedia e/ou osteopatia para corrigir diferenças de tamanho, simetria e dor causada pela dismetria, pois leva a modificações biomecânicas que dificultam o equilíbrio, estabilidade e a marcha. Essa desigualdade dos membros pode afetar cerca de 70% das pessoas, e, uma desigualdade inferior a 2,0 centímetros acomete cerca de 1 a cada 1.000 pessoas
Na avaliação clínica, as medidas geralmente são feitas com fita métrica, contudo existem métodos mais confiáveis, tal como radiografia e tomografia. A maneira prática mais utilizada consiste em fazer o nivelamento da pelve (1,4,6). Assim, é possível ter a medida aparente com o paciente deitado em decúbito dorsal com as pernas estendidas, medindo da cicatriz umbilical ao maléolo medial de cada membro inferior, e a medida real que vai desde a espinha ilíaca ântero-superior até o maléolo medial. Em situações de luxações congênitas e redução do tamanho do fêmur, a radiografia pode apresentar laudo errôneo que por vezes não corresponde à alteração funcional do paciente.
O sucesso do tratamento depende de uma avaliação clínica rigorosa, com avaliação precisa das discrepâncias e deformidades associadas e identificação precisa da etiologia. O principal objetivo do tratamento inclui a estabilidade do quadril, a equalização do comprimento da perna e a obtenção de um alinhamento anatômico normal. Existem diferentes abordagens para isso, que vão desde palmilhas até técnicas cirúrgicas distintas, como epifisiodese, encurtamento ou alongamento de perna.
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