A principal função do Sistema Nervoso (SN) é a condução de impulsos; porém, esta é extremamente dependente da parte mecânica desse sistema e vice-versa. A interligação da função mecânica e fisiológica do SN foi reunida no termo neurodinâmica. Se esse sistema está apresentando normalidade neurodinâmica, significa que suas propriedades mecânicas e fisiológicas estão normais.
Não cabe ao SN somente conduzir impulsos por meio de grandes amplitudes e complexidades de movimento, mas também adaptar-se mecanicamente a esses movimentos, retraindo-se e alongando-se, podendo até mesmo limitar essas amplitudes em certas combinações de movimentos.
Quando ocorrer alteração da neurodinâmica, esta denomina-se de Tensão Neural Adversa (TNA), que consiste numa resposta mecânica e fisiológica anormal quando a amplitude normal do SN e sua capacidade de alongamento são testadas. A atividade adequada do SN depende de sua integridade. O comprometimento das suas propriedades resulta em disfunções do mesmo bem como das estruturas musculoesqueléticas que recebem suas inervações
A Mobilização Neural (MN) é uma técnica que tem como objetivo restaurar o movimento e a elasticidade do SN, o que promove o retorno às suas funções normais e a redução do quadro sintomático. A capacidade dos músculos de contrair e relaxar com o mínimo de resistência em todas as suas amplitudes de movimento depende, além dos impulsos motores provenientes do sistema nervoso, de três fatores: a elasticidade e a completa extensibilidade dos músculos, amplitude completa das articulações e um sistema nervoso livremente móvel e extensível.
A partir de 1970, os testes de tensão neural começaram a ser reconhecidos como terapia, denominados também de testes de estiramento neural. São sequências de movimentos, realizados para avaliar a mecânica e a fisiologia de uma parte do sistema nervoso. Ele é considerado positivo quando houver diminuição da amplitude de movimento ou quando os sintomas dolorosos e de alongamento profundo forem reproduzidos, quando a resposta no lado envolvido variar unilateralmente entre respostas normais, e quando houver diferenciação estrutural de uma fonte neurogênica
Uma lesão nervosa implica alterações das propriedades mecânicas e fisiológicas do SN que, por sua vez, sustentam ou agravam a lesão. Tais lesões podem resultar em disfunções nas estruturas que recebem sua inervação. Como consequência, estruturas musculoesqueléticas podem estar comprometidas numa disfunção de origem neural. Apesar de a técnica não atuar diretamente em músculos e fáscias, é observado ganho de amplitude de movimento após sua utilização.
Para que o sistema nervoso periférico seja afetado, não há a necessidade de uma lesão direta. Pode muito bem ser uma lesão secundária como resultado de sangue e edema de uma interface lesada ou uma alteração na forma da interface. Anomalias nervosas, ou anomalias de tecidos interfacetários, possibilitam a predisposição do sistema à lesão. A lesão implica alteração das funções do nervo, por conseguinte a alteração da condução elétrica acarreta distúrbios sensoriais (dor e parestesias), distúrbios motores (distonias) e fraqueza autonômica (vasomotores e pilomotores).
A MN tem sido utilizada no tratamento das mais diversas patologias do sistema nervoso, bem como das disfunções dos tecidos por ele inervados. A avaliação da tensão neural torna-se, portanto, fundamental para o tratamento de pacientes com disfunções osteomusculares. Dessa forma, a aplicação da tensão neural contribui para a formulação de um diagnóstico mais preciso e, consequentemente, influencia no sucesso do tratamento.
Se o sistema nervoso fosse considerado um órgão em vez de uma estrutura multissegmentada, isto levaria a um entendimento mais aprofundado do sistema e das consequências patomecânicas e patofisiológicas de alterar sua mecânica. Umas das maiores implicações de vê-lo como um órgão é que, se for constatada qualquer alteração em alguma parte do sistema, isto trará repercussões para todo o sistema.
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Referencias
Danilo de Almeida Vasconcelos, Lívia Cristina Rodrigues Ferreira Lins, Estélio Henrique Martin Dantas. Fisioter. Mov., Curitiba, v. 24, n. 4, p. 665-672, out./dez. 2011
Edylena Marinho de Andrade, Juliana Gama de Almeida. Mobilização Neural: tratamento de distúrbios musculoesqueléticos