25/01/2022 Liberação Miofascial: uma técnica de terapia manual (parte 2)

A técnica de liberação miofascial atua através de mobilizações manuais ou instrumentais, no qual, o terapeuta aplica um tipo de estresse mecânico no tecido alvo, visando melhorar a performance do movimento ou alguma disfunção osteomioarticular. 

Agora que vimos o que é a fáscia, devemos compreender como analisar sua atuação na anatomia de um modo geral, pois a fáscia é o maior órgão sensorial do nosso corpo. Então, quando tocamos a fáscia, estamos estimulando aferências, que por sua vez estimulam respostas. Com isso em mente as informações que chegam ao seu conjunto fascial, corresponde de acordo com seus mecanorreceptores, que causam efeitos positivos que liberação miofascial proporcionando a reabilitação de pacientes.

Dessa forma, é possível destacar alguns deles na influência de como os terapeutas devem abordar determinadas disfunções teciduais. São eles: Órgãos terminais de Ruffini, Órgãos terminais de Golgi (Órgão tendinoso de Golgi), Corpúsculo de Pacini e Intersticiais, assim o emprego clínico de estratégias manuais e/ou instrumentais apropriadas a fim de influenciar receptores neurais diferentes.

Receptores de Golgi

Estes são abundantes em tecido conectivo denso e voltados para problemas crônicos. Nas junções miotendinosas e nos ligamentos de articulações periféricas, eles são conhecidos como órgãos tendinosos de Golgi, onde eles respondem à contração muscular. Outros receptores de Golgi respondem aos movimentos de alongamento ativos (mas provavelmente não aos passivos) – com diminuição imediata do tônus em fibras motoras relacionadas. Permanece incerto até que ponto a carga manualmente aplicada pode evocar respostas de Golgi (Schleip, 2003), geralmente sendo com estímulos mais vigorosos. 

Mecanorreceptores de Pacini e paciniformes

Estes receptores intrafasciais são encontrados no tecido conectivo denso e correspondem a propriocepção patológica. Os corpúsculos de Pacini na fáscia muscular, junções miotendinosas, camadas capsulares profundas e ligamentos espinais são relatados por responderem a mudanças na pressão, estímulos rápidos e na vibração – mas não na compressão sustentada – com efeitos que levam a feedback proprioceptivo aumentado e controle motor.

Mecanorreceptores de Ruffini

Estes estão localizados no tecido conectivo denso, nos ligamentos das articulações periféricas, na dura-máter e nas camadas capsulares externas e correspondem também a propriocepção patológica. Alguns respondem a mudanças rápidas de pressão, mas a maioria é afetada por pressão sustentada, ou golpes – profundos – rítmicos lentos, bem como por forças de alongamento lateral (tangencial). Os efeitos incluem atividade simpática reduzida. 

Mecanorreceptores intersticiais

Estes oferecem informação sensorial, e são bem mais abundantes em – por exemplo – feixes musculares e fáscia – do que as estações de relato de Pacini e de Ruffini, correspondendo a propriocepção patológica e isquemia de dor. A densidade mais alta está localizada no periósteo. 10% são mielinizados, e o restante é não mielinizado. Alguns são responsivos à pressão rápida, outros, ao alongamento fascial (e cutâneo). Outros são de limiar lento – respondendo a um toque que é ‘tão leve quanto o pincel de um pintor’ (Mitchell & Schmidt, 1977). Eles também são conhecidos como receptores de tecido miofascial intersticial (interoceptores). Schleip (2011) sugere que esses interoceptores têm influências autônomas – sobre a pressão arterial, por exemplo.

 

 

 

Compreendendo seus receptores de ação podemos entender também suas funções na biomecânica. Exemplos de caracterizações funcionais de fáscia (Kumka & Bonar, 2012) 

Fáscia de ligação

Compreende tecido conectivo denso que pode ser classificado como ativo ou passivo e que “inclui fáscias de músculos, fáscia de regiões (cabeça e pescoço, tronco, membros), aponeuroses, arcos tendinosos e bainhas neurovasculares” (Terminologia Anatômica, 1998). 

Fáscia de ligação ativa

Contém inúmeros receptores de dor e mecanorreceptores; é ativa durante o movimento e na estabilização das articulações e crucial para a transmissão de força (ver mais adiante neste capítulo). Ela pode ter a capacidade de contrair para oferecer pré-tensão aos músculos. Exemplos: fáscia toracolombar; trato IT. 

Fáscia de ligação passiva

Mantém continuidade entre as estruturas; têm funções proprioceptivas; é passivamente envolvida na transmissão de força via colocação de carga a partir dos músculos. Exemplos: ligamento da nuca, aponeurose plantar. 

Fáscia fascicular

Compreende uma mistura de tecidos conectivos frouxos e densos que fornecem a forma arquitetônica dos músculos: ′ Ela circunda os músculos (epimísio), bem como separa as fibras musculares (perimísio), enquanto cobre cada fibra muscular (endomísio). ′ A fáscia fascicular se funde para formar estruturas miotendinosas densas. Esta rede fascial fascicular intramuscular age para espalhar e concentrar forças dentro dos músculos, bem como entre músculos sinergistas – e via fáscia de ligação – para os músculos antagonistas. Além disso, ela fornece uma variação de túneis protetores e trajetos para nervos, vasos sanguíneos e estruturas linfáticas. 

Fáscia de compressão

Essa estrutura de tecido conectivo denso encobre e separa os membros envolvendo camadas tipo lâminas. ′ Por exemplo, a fáscia crural do membro inferior existe como coberturas tipo meias que variavelmente oferecem compressão e tensão, enquanto afetam fortemente a eficiência muscular e o retorno venoso. As camadas densas são separadas por tecido conectivo frouxo que facilita os movimentos de deslizamento entre elas, permitindo ações diferenciais de camadas individuais.

Fáscia de separação

Compreendendo principalmente tecido conectivo frouxo, este material fino como uma teia de aranha cria envelopes, bolsas, compartimentos, túneis, bainhas e revestimentos que separam órgãos e regiões do corpo, reduzindo a fricção enquanto oferecem potenciais de absorção de choque e de deslizamento, em resposta ao movimento, à tensão e à distensão. ′ Exemplos incluem pericárdio, peritônio e bainhas sinoviais. Kumka e Bonar (2012) enfatizam a natureza ambígua da fáscia quando oferecem um exemplo de todas as quatro dessas categorias sugeridas – na coxa: • “Trato iliotibial (de ligação); 

  • Perimísio do músculo quadríceps femoral (fascicular); 

  • Fáscia lata (de compressão);

  • Tecido subcutâneo (de separação)”.

 

É interessante pensar de que ao executar as técnicas de liberação miofascial, o terapeuta tenha o discernimento entre ritmo, velocidade, pressão, duração da carga e a direção do plano fascial a ser trabalhado, uma vez que cada receptor mecânico parece reagir a estímulos diferentes.

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REFERÊNCIAS

Leon Chaitow. A relevância clínica das funções da fáscia: traduzindo a ciência


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