10/10/2023 A osteopatia nas doenças respiratórias

As doenças respiratórias, como pneumonia, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), bronquite e bronquiolite aguda, e asma, são responsáveis pelos maiores índices de internação hospitalar e óbitos, gerando altos custos para os serviços de saúde. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 251 milhões de pessoas no mundo tenham o diagnóstico de DPOC, sendo esta a terceira principal causa de mortalidade no mundo . 

 

As afecções respiratórias são enfermidades que acometem tanto as vias aéreas superiores como inferiores, que podem cursar para a cronicidade. As mais comuns são a Asma, a Rinite Alérgica (RA) e a DPOC. No caso da DPOC, sua ocorrência está relacionada com a idade, podendo evoluir com a presença de comorbidades crônicas, como Hipertensão Arterial e Diabetes.

 

Consideradas como terapias complementares ou integrativas, as técnicas osteopáticas representam um método sistemático de avaliação e tratamento das disfunções do sistema neuromusculoesquelético, com a finalidade de restabelecer o movimento fisiológico em áreas com restrição ou disfunção, promovendo o funcionamento adequado dos sistemas adjacentes. Nesse sentido, a Osteopatia é considerada uma abordagem que trata o sujeito como um ser único e integrado, que depende de inter-relações entre estrutura e função.

 

Pode-se observar que há estudos relatando os efeitos positivos das técnicas de terapia manual na cervicalgia, lombalgia, nas mudanças das propriedades viscoelásticas dos tecidos; porém, na literatura, são escassos os estudos sobre a utilização das técnicas da terapia manual, seja manipulativa, ou de mobilização na musculatura respiratória.

 

A partir disso, temos uma nova perspectiva da osteopatia para uma sistematização das técnicas de manipulações osteopáticas que tem efeitos no tratamento de desordens provenientes da DPOC, sendo uma prática complementar ao tratamento fisioterapêutico convencional.

 

Segundo Santos et al., a musculatura respiratória por estar sempre ativa e participar na manutenção do tórax, apresenta maior número de fibras tônicas, com tendência a retração, limitando a amplitude torácica, sugerindo menor oferta de oxigênio celular. Existe, também, uma relação com a progressão da idade e as alterações da complacência pulmonar e do gradil costal, com diminuição da capacidade elástica e aumento da resistência ao fluxo aéreo, gerando maior aprisionamento de ar. 

 

Assim, à medida que evolui, a DPOC provoca danos ao parênquima pulmonar, levando a alterações estruturais, bem como ao colapso dinâmico das pequenas vias aéreas. Esta alteração causa aprisionamento aéreo e hiperinsuflação pulmonar com repercussões nas fibras musculares do diafragma, redução da zona de aposição e repercussões na parede torácica. 

 

Nessa perspectiva, a mobilização ou manipulação de tecidos capsuloligamentares, como as técnicas osteopáticas, podem melhorar a extensibilidade do tecido que apresenta restrição, bem como ativar os mecanorreceptores articulares da região estimulada. Na parede torácica, essas técnicas têm o potencial de reverter algumas alterações tixotrópicas dos músculos respiratórios, provocando alívio na restrição articular da parede torácica e reduzindo, num curto prazo, a rigidez torácica. 

 

Buscemi et al. ressalta, ainda, que a abordagem osteopática considera tanto as alterações na mecânica respiratória quanto a anatomia do paciente, visando aumentar a mobilidade da caixa torácica, bem como estimular os processos de autocura do corpo humano.

Corroborando o estudo, Rocha et al. apresenta a Técnica Manual de Liberação do Diafragma como intervenção para grupo de idosos com diagnóstico de DPOC estável.

 

Nessa perspectiva, a utilização da Osteopatia como método coadjuvante tem apresentado evidências, embora incipientes, mas que já dão indícios dos seus efeitos na patologia. Dentre eles, estão: a melhora da mecânica respiratória e da mobilidade diafragmática, aumento da capacidade de exercícios com diminuição da dispneia, além de efeitos nas variáveis pulmonares como CVF e VEF1, ainda não tão esclarecidos.

 

Há um número limitado de estudos de alta qualidade neste tema para que conclusões mais específicas possam ser feitas. É importante destacar que a Osteopatia tem ganhado cada vez mais espaço no meio científico, e que seus efeitos na DPOC, como em outras desordens respiratórias, carecem de investigações com maior rigor metodológico, através de estudos controlados, randomizados, com número amostral suficiente para gerar impacto na ciência.

 

REFERÊNCIA

 

Silva LS Filho, Mendes JMR, Mendes MR, Kuehner CP. Efeitos da abordagem osteopática na doença pulmonar obstrutiva crônica. J Health Biol Sci. 2021; 9(1):1-6.


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