A hoje chamada terapia manual passou a ser na atualidade um importante componente na intervenção de doenças ortopédicas e neurológicas, sendo considerada uma área de especialização da fisioterapia. Continuando sobre os conceitos da terapia manual, vamos aprofundar um pouco mais sobre outros modos de se entender e como realizar a terapia manual.
Denomina-se artrocinemática o estudo dos movimentos articulares, isto é, a forma como duas superfícies articulares se movem uma sobre a outra (HOUGLUM; BERTOTI, 2014). O movimento artrocinemático se refere à maneira como faces articulares adjacentes se movem durante o movimento articular osteocinemático ou fisiológico (LIPPERT, 2013)
Para entender a artrocinemática, você deve saber que o tipo de movimento que ocorre em uma articulação depende do formato das faces articulares.
A regra côncavo-convexa descreve como ocorre o movimento articular, de acordo com o formato ósseo das extremidades de um segmento corporal durante os movimentos.
Uma superfície articular côncava se move sobre uma superfície convexa fixa na mesma direção do membro do corpo que está se movendo. A superfície de uma articulação convexa se movimenta sobre uma superfície côncava de um membro em direção oposta.
Uma grande variedade de lesões pode acometer tanto a coluna vertebral quanto os membros inferiores e superiores e provocar dor e limitação dos movimentos fisiológicos. Em função disso, o conceito Mulligan pode ser aplicado durante a reabilitação física, visando a contribuir para a melhora da dor e incrementar a mobilidade articular dos segmentos acometidos por essas lesões e disfunções.
Princípios do conceito Mulligan
O conceito Mulligan foi desenvolvido na década de 1980, pelo fisioterapeuta Brian Mulligan, e preconiza a melhora do alinhamento articular associado com movimentos ativos, para restabelecer a função física dos pacientes. De acordo com esse conceito, pequenas falhas posicionais, após lesões, esforço repetitivo, traumas e disfunções, resultam em restrição de movimento e dor exacerbada pela contração ativa dos músculos nas posições errôneas ou inadequadas da articulação (MULLIGAN, 2009).
Para alcançar os objetivos do conceito Mulligan, existem diversas manobras ou mobilizações, que podem ser movimentos passivos oscilatórios sustentados ou não, mobilizações neurais, tapings de posicionamento e mobilizações com movimento. Algumas são direcionadas para a coluna vertebral, outras para as extremidades, enquanto outras combinam a mobilização vertebral com movimentos ativos das extremidades.
De um modo geral, todas essas manobras são aplicadas em paralelo ao plano de movimento e sustentadas por todo o movimento, até que a articulação retorne à posição inicial. Além disso, todas essas manobras devem ser aplicadas sem dor ou exacerbação dos sintomas. Nos casos em que a técnica provocar ou intensificar a dor, ela é contraindicada e deve ser trocada por outra que não gere esses sintomas (MULLIGAN, 2009).
Outra questão importante é que o movimento a ser realizado junto com a mobilização depende de cada paciente, bem como se o movimento será ativo, passivo ou resistido. O movimento que piora ou provoca dor será utilizado na aplicação das manobras de Mulligan (MULLIGAN, 2009).
Analisando-se os princípios da técnica de Mulligan, é possível perceber que ela pode ser aplicada com resultados satisfatórios a inúmeras condições e lesões musculoesqueléticas, tanto na coluna vertebral quanto nas extremidades (MULLIGAN, 2009).
O conceito Mulligan preconiza que o arco de movimento seja reavaliado após 10 repetições. Caso o paciente refira intensificação dos sintomas, a manobra escolhida está contraindicada, e outra opção deve ser buscada (MULLIGAN, 2009).
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Referências
Vasconcelos, Gabriela Souza de Recursos terapêuticos manuais [recurso eletrônico] / Gabriela Souza de Vasconcelos, Noura Reda Mansour e Lucimara Ferreira Magalhães ; revisão técnica: Diego Santos Fagundes. – Porto Alegre : SAGAH, 2021.